NOVAS VOZES DA LITERATURA

Dos textos apresentados ao concurso literário, merecem ser reconhecidos os que aqui se divulgam de Abílio Diz. Parabéns! Ao vencedor será entregue um livro de poemas do escritor Rui Pires Cabral como incentivo à escrita.

Racionalidades

Gosto das palavras.

Gosto do sabor que deixam na boca.

Gosto da forma como se enrolam na língua.

Gosto de as ter e de as expulsar quando quero.

Gosto de falar.

Gosto de articular as ideias e o momento

em linhas rectas, de pensamentos lineares.

Gosto de pensar e de dizer

e de dizer o que pensei.

Gosto de não ter travões,

acelerar na conversa e não parar no vermelho.

Gosto do baixinho e do sussurro ao ouvido.

Gosto do tom em que tocam as cordas vocais

Gosto de dizer que sei falar

e gosto que falem de mim.

Gosto do saber,

gosto de o ter, gosto até de o dizer.

Porque se fosse ignorante, era mudo

e já ninguém me ouviria,

perdia o gosto e a vontade de saborear

as palavras que tenho na boca.

Post Scriptum
...Profeta da palavra, benze a minha língua...





Agora sei que não sei

…Descobri a riqueza da vida

na sabedoria daqueles que me ensinavam

e reparei que era menino

de ingenuidade confortável…

No entanto, julguei o mundo de olhos fechados,

não esperei pela luz da manhã…

Quis ser o primeiro a ver,

mas acabei apenas por olhar…

Quis ser rebelde e matreiro,

acabei por ser ignorante e grosseiro…

Vesti a pele de sábio e quis filosofar

Acabei por ser vaiado por quem me soube julgar…

Nem reparei que sou homem de pouco saber

e de pouco sei falar…

Julguei que não precisava de quem me ensinava

e acabei por não amar…

Post Scriptum

O silêncio é arte...

O Universo intertextual em Ensaio sobre a cegueira de José Saramago por Cristina Maria Borges Teixeira

Este é o excerto final da análise do universo intertextual em Ensaio sobre a cegueira de José Saramago elaborado por Cristina Teixeira.

(...) "Ensaio sobre a cegueira fica, assim, como uma marca que Saramago, como o escritor-personagem do seu romance, vai deixando ao passar - como ele próprio diz, para recordar a quem o viesse a ler que usamos perversamente a razão quando humilhamos a vida, que a dignidade do ser humano é todos os dias insultada pelos poderosos do nosso mundo, que a mentira universal tomou o lugar das verdades plurais, que o homem deixou de respeitar-se a si mesmo quando perdeu o respeito que devia ao seu semelhante.

Uma marca que é um apelo: "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."

Pode consultar o texto na íntegra em http://www.geocities.com/ail_br/ouniversointertextualemensaios.htm

Novo livro de Saramago

“ (…) Caderno de Saramago não é um livro de crónicas jornalísticas, é um livro de vida. Aí Saramago conta cada dia o que o motiva, o que o indigna ou o que lhe apetece. Comenta o minuto, mas também recupera uma declaração de amor a Lisboa (…) E Saramago emociona-se com gente, com amigos, com pormenores… São seis meses de vida em que Saramago opta e conta com pinceladas que bem poderiam ser versos, reflexiona na companhia de quem o lê, propõe e não se cansa. Seis meses de cartas inteligentes para leitores inteligentes, sem artifícios e com tudo o que tem para dizer. Porque Saramago não se cala, expõe, entra, derruba montanhas ou aponta com o dedo se nesse dia não pode com a escavadora, ou são necessários mais para manejá-la, então diz que essa encosta é um impedimento, uma rémora, um obstáculo na vida de muita gente e avançamos para a deitar abaixo porque poderemos, se somos muitos. Fala das mulheres, revela-se, indigna-se, emociona-se. E faz até uma declaração de amor a Rita Levi-Montalcini, que este Abril cumpre 100 anos…”

Pode consultar artigo na íntegra em: http://blog.josesaramago.org/indexpor.php

Novas Vozes da Literatura - Concurso Literário

Até ao dia 20 de Maio decorrerá um concurso literário - Poesia
Envia-nos os teus textos para: lpc.cc.utad@gmail.com