Uma fábula, a do lavagante - a ditadura, certos homens -, diálogos despojados nesta Lisboa de "céu azul fino". Um jornalista em destroços, a sombra de uma mulher "fria e soberana", a crise estudantil de 62. Eis um esboço d' O Lavagante/encontro desabitado, inédito de José Cardoso Pires, que lança a nova editora de Nelson de Matos. O livro está a partir de amanhã nas livrarias.
O Lavagante/encontro desabitado foi publicado, pela primeira vez, em 1963, numa versão de três páginas, no nº 11 d'O Tempo e o Modo e intitulava-se, então, O Lavagante e Outros Exemplares. Mencionava-se na revista que se tratava de um capítulo do próximo romance.
Surgida por ocasião da passagem dos dez anos sobre a morte do escritor - 26 de Outubro -, a novela (a mais completa das três versões dactilografadas), é anterior a O Delfim (1968). Existem outras, manuscritas como O Lavagante e a Mulher do Próximo. Conta Ana Cardoso Pires, uma das filhas, que, nas voltas do espólio, deu com a breve narrativa aprisionada num atado. Não era mexida pelo pai há muito, seguramente desde o 25 de Abril. Papel amarelecido, esmaecido, todo por igual.
Obra póstuma, esta, que Cardoso Pires não deu por acabada, a ser lida não como "o texto definitivo, mas o último texto", e a contar histórias da opressão, do medo e da culpa: "Viciámo-nos. Agora temos a Censura a escrever por nós. E amanhã? Quem sabe escrever amanhã, quando a Censura acabar?"
in DN
O Lavagante/encontro desabitado foi publicado, pela primeira vez, em 1963, numa versão de três páginas, no nº 11 d'O Tempo e o Modo e intitulava-se, então, O Lavagante e Outros Exemplares. Mencionava-se na revista que se tratava de um capítulo do próximo romance.
Surgida por ocasião da passagem dos dez anos sobre a morte do escritor - 26 de Outubro -, a novela (a mais completa das três versões dactilografadas), é anterior a O Delfim (1968). Existem outras, manuscritas como O Lavagante e a Mulher do Próximo. Conta Ana Cardoso Pires, uma das filhas, que, nas voltas do espólio, deu com a breve narrativa aprisionada num atado. Não era mexida pelo pai há muito, seguramente desde o 25 de Abril. Papel amarelecido, esmaecido, todo por igual.
Obra póstuma, esta, que Cardoso Pires não deu por acabada, a ser lida não como "o texto definitivo, mas o último texto", e a contar histórias da opressão, do medo e da culpa: "Viciámo-nos. Agora temos a Censura a escrever por nós. E amanhã? Quem sabe escrever amanhã, quando a Censura acabar?"
in DN
Um comentário:
Parece interessante, com abordagens a temas que marcaram uma sociedade. Novas ideias e novos ideais foram implementados nestes anos... uma proposta aliciante.
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