
Considerado um dos maiores intelectuais portugueses do séc. XX Enraizada numa tradição sobretudo clássica e, não obstante, imbuída de uma visão consubstanciadora da modernidade, a poesia de Jorge de Sena marcou o século XX português, não só porque pensava, mas por ter inovado do ponto de vista formal. Foi ainda singular no tratamento de temáticas como a sexualidade ou no diálogo com outras áreas do saber: a música e as artes plásticas.
Poliédrica, herdeira do modernismo e da Presença, não alheada do surrealismo, a sua poética possui um tom indagativo, discursivo e, segundo Eduardo Lourenço, "apesar do seu carácter muitas vezes árduo", suscita "uma adesão profunda, um encanto paradoxal, feito de uma mistura única de lucidez implacável e de brusquidão de esfolado vivo."
Esta e muitas outras opiniões surgem no n.º 21 da Relâmpago que acaba de ser publicado, sob a direcção de Paulo Teixeira, no âmbito dos 30 anos da morte de Jorge de Sena que se completam em Junho deste ano. Ao conselho editorial pertencem Carlos Mendes de Sousa, Fernando Pinto do Amaral e Gastão Cruz.
A publicação, para além de uma extensa e cuidada cronologia - elaborada por Jorge Fazenda Lourenço, que escreve ainda o texto Como se faz um Poeta? Sobre Sinais de Fogo como Bildungsroman e uma Referência a Orfeu -, inclui colaborações de Fernando Pinto do Amaral (Uma Pequena Luz No Meio da Treva - Imagens da Melancolia na Poesia de Jorge de Sena); de Gastão Cruz (Jorge de Sena na Poesia do seu Tempo ou a 'Arte de Ser Moderno em Portugal'), de Luís Adriano Carlos (Miniaturas Senianas) e de Margarida Braga Neves (Fidelidade a Camões).
No âmbito deste dossier, integram-se quatro cartas de Sena ao poeta Gastão Cruz que as dá a conhecer por se tratarem de "extraordinários documentos intelectuais e de relações humanas" que testemunham, a seu ver, a permanente lucidez crítica, o sentido de humor e a constante actividade de intervenção literária "do autor de Arte de Música."
Enriquecem este número, com o seu habitual espaço de crítica e de publicação de poesia, testemunhos, entre outros, de Fernando. J.B. Martinho, Pedro Tamen, Fernando Lemos, José-Augusto França, Luís Amaro e Gilda Santos.
in DN.Artes
posted:Maria Esteves
Nenhum comentário:
Postar um comentário