sábado, 1 de março de 2008

POEMA - Belo, Ruy

«Ce Funeste Langage»

Levanta-te e caminha, hesitante palavra
sobre a aresta do mês onde até mesmo Deus
esquece e a crua luz sensivelmente lavra
através de caidos sucessivos véus

Sinal equivalente ao quente cais que canto
aqui na orla da manhã so prometida
a quem matou a morte e desconhece quanto
à morte se devia a ciência da vida

Já tudo o que se passou parece imaginado
e Ana Karenina tem no olhar ausente
a estrada que se perde a cada passo andando

Ó palavra impossivél cuja vizinhança
a outra, útil ou portátil, nao consente,
abre o poema, símil da lábril criança...

Manuela Sousa

4 comentários:

Anônimo disse...

Confesso que não conhecia Ruy Belo mas este poema é lindíssimo :)

Anônimo disse...

tambem nao conhecia Ruy Belo mas adorei o poema!

Maria Esteves disse...

Confesso que desconhecia este ecritor.
Vai ser a minha próxima aquisição.
=)

Anônimo disse...

Eis um exemplo de como obras literárias servem de suporte à produção de mais e mais literatura. De Tolstoi a Ruy Belo, de norte a sul, de pobre a rico, de mim para o outro...a escrita tem este poder.

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