sábado, 5 de abril de 2008

Porque todos temos uma casa quieta

A alma ferida.…o olhar sombrio, esperança ausente, alegria infeliz, vida morta…agarrada ao que resta da condição miserável do Homem: Amar
“A casa quieta…”
Amar e ser amado…
…entregamos os sonhos, as esperanças, os anseios, os medos ….partilham-se as lágrimas, os sorrisos, os sorrisos de lágrimas e as lágrimas de sorriso.
Entregamos o coração, o nosso destino, o corpo, a alma. Dois tornam-se um….um torna-se dois, três, quatro, cinco…. tudo na tentativa máxima de satisfazer o outro….a alma gémea? Gémea porquê? Fará sentido procurarmos amar alguém semelhante a nós?
Seria narcísico…cobarde….perverso e desafortunado
Não existem amizades ou relações perfeitas, escassamente vivemos com as nossas imperfeições tentando conceber uma felicidade estupenda que ao ritmo da vida completa a nossa existência.
“A casa quieta….”
Juras de amor são como as previsões meteorológicas, confiamos no presente, na experiência do passado e na boa fé. Acontece o inesperado, o imprevisível.
Encontramos uma tempestade enorme que nos envolve, nos agride com toda a sua
brutalidade, remetendo nos para o solo mais duro da vida humana:
“A casa quieta!”
O nada…o tudo que nos resta!
O ser racional é derrubado….tentamos convencer nos que o outro tem a culpa, foi o outro que demoliu a casa….deixou-a quieta….sem vida e ali ficará….a ruína, as marcas de uma história que termina assim….com
Uma casa quieta….
Passará o tempo…as estações deixarão as suas marcas
A chuva lavará o que restou…lembranças, memórias enraizadas…saudade!

A neve congelará a pulsação constante do amor que se recusa a morrer….
O sol iluminará os vestígios, descongelará o que não quer morrer
E de novo lembranças, memórias, saudade, amor, saudade do amor, memórias lembranças…
por fim dor….
decidimos sepultar a ruína….sepultar as memórias…as saudades…as lembranças….dedicamos toda a força na tentativa fatalmente forçada de afastar, esquecer, de matar as memórias, as lembranças, as saudades, o amor…
Apesar da ruína, do tempo, da distância perduram as memórias, as lembranças, a saudade? Talvez…o amor remodelar-se-á em ódio amizade ou indiferença…
Ressuscitará a esperança, a fé, a vontade, a necessidade, a glória do amor, de amar e ser amado Renasce a luz
Na casa quieta…
Apesar da dor, do sofrimento, das oscilações afectivas e toda a complexidade humana

Das casas quietas
Das destruições e ruínas reconhecemos com cada sopro e batida cardíaca que
o amor
é a morte pois é a vida,
é tristeza pois é alegria,
é quimera pois é sonho…….
“O amor é tudo que existe apesar de tudo…”
Ana Isabel Pinto

Um comentário:

Filipe José Fontoura Ribeiro disse...

Interessante, muito profundo e cativante... Gostei.

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