terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Poema

Ao longo da muralha que habitamos
Há palavras de vida há palavras de morte
Há palavras imensas, que esperam por nós
E outras frágeis, que deixaram de esperar
Há palavras acesas como barcos
E há palavras homens, palavras que guardam
O seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente,
As mãos e as paredes de Elsenor

E há palavras e nocturnas palavras gemidos
Palavras que nos sobem ilegíveis À boca
Palavras diamantes palavras nunca escritas
Palavras impossiveis de escrever
Por não termos connosco cordas de violinos
Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
E os braços dos amantes escrevem muito alto
Muito além da azul onde oxidados morrem
Palavras maternais só sombra só soluço
Só espasmos só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
E entre nós e as palavras, o nosso dever falar...

Mário Cesariny

3 comentários:

João Ferreira disse...

...palavras que não podem ser ditas..
...palavras incapazes de explicar...
...palavras do silêncio...

...o silêncio de ouro das palavras...

Anônimo disse...

Palavras que nem sempre sabemos usar.
As palavras capazes de magoar, capazes de fazer sorrir, capazes até de se fazerem sentir sem serem proferidas...

Soraia

VOZES DA LITERATURA disse...

Poema
BELO, RUY
Contigo aprendi coisas tão simples como
a forma de convívio com o meu cabelo ralo
e a diversa cor que há nos olhos das pessoas
Só tu me acompanhastes súbitos momentos
quando tudo ruía ao meu redor
e me sentia só e no cabo do mundo
Contigo fui cruel no dia a dia
mais que mulher tu és já a minha única viúva
Não posso dar-te mais do te dou
este molhado olhar de homem que morre
e se comove ao ver-te assim presente tão subitamente...

Isto e muito mais poderão encontrar numa leitura suave bela e cuidada na companhia de: vozes da literatura
Manuela silva sousa

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