segunda-feira, 10 de março de 2008

Uma Casa na Escuridão

“A casa vive um mês por ano na escuridão. O escritor está fechado na casa, no seu mundo.A escrita e a mulher amada brotam de um único lugar lírico, luminoso. Na casa vivem também uma mãe embrutecida pela dor, uma escrava silenciosa, uma multidão de gatos que se apropriam do espaço e dos humanos que o habitam.
O mundo fora da casa é um país que vive na impassibilidade das regras estabelecidas, arrastado pela inércia, depurado pelas prisões, embalado pela literatura. Mas eis que chegam os invasores e, com eles, a escuridão absurda que a barbárie daquela civilização já não sabe como encarar nem combater.
A casa transforma-se então num asilo de seres mutilados, violados, brutalizados quotidianamente. Mas é também, ainda, um jardim: um jardim de infância dos filhos dos invasores. Amputado na sua capacidade de escrever, sonhar e amar, o escritor é salvo da morte em vida apenas pela força amorosa das crianças, transportado para o absoluto pelo manto unificador da podridão que se abate sobre todos os humanos, invasores e invadidos.”
Neste romance José Luís Peixoto consegue criar um mundo completamente diferente do que conhecemos onde a música se torna uma descoberta, começando com uma esperança inabalável e terminando de uma forma trágica, mas mesmo assim divinal. Ao ler Uma Casa na Escuridão confundimos prosa com poesia, pois Peixoto dá uma “sonoridade” única em cada frase.

" Este novo livro de José Luís Peixoto (...) é uma experiência apaixonante e estranha. (...) tem tudo para vir a ser um livro-culto. (...) é de uma imensa beleza..."
Eduardo Prado Coelho, Público, Mil Folhas

2 comentários:

Anônimo disse...

"Uma Casa na Escuridão" foi me dado a conhecer por uma amiga, posso chamar-lhe assim,de uma forma um tanto ou quanto apaixonada. Desculpa a expressão se não se adequar! confesso que o facto de conhecer alguém que fala com tanto extase e amor das obras de José Luis Peixoto, fez-me querer ler uma, pelo menos uma para te poder compreender. Do que pude perceber todas as suas obras são únicas e inegualáveis para ti, não há comparação entre José Peixoto e outro escritor de renome... foi isso que me fez ir à procura de um escritor que me deixasse realmente presa às suas obras, quem sabe se não será José Luis Peixoto?

Anônimo disse...

Explicação da eternidade

devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.

os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.

os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os intantes do teu corpo de luz eram eternos.

foste eterna até ao fim.

"A casa, A escuridao" José Luís Peixoto

VISITAS